terça-feira, 19 de julho de 2011

instinto


Já correram anos desde este sucedido.
A passagem do tempo é motivo suficiente para ter apagado estes instantes.
Estava em triste bar da Vila, quando entraste com os teus cabelos negros e o teu olhar brilhante.
Ficámos em lados opostos da mesa. Não trocámos mais que alguns olhares.
O combinado nessa noite, foi um fim de semana num dos santuários naturais do nosso país.
Arranjei maneira de saber o teu número, e quando confirmei que também ias, sem a mínima confiança, enviei-te uma sms com: "Não te esqueças do bikini". Mas até era Inverno...
Estava afastado das lides do amor e da sedução. O meu coração ainda não tinha cicatrizado, aliás, ainda tinha os pontos por cair.
Mas tu foste uma coisa natural. Instintiva.
Nesse fim de semana, nunca te disse grande coisa. Gostei que tivesses entrado na piscina de água quente, apesar de estar a chover.
Tinhas uma atitude de 'não me interesso', mas os teus olhos tinham mensagem.
Quando pernoitámos, o mais natural foi deitarmos na mesma cama.
Ali estava eu, que nem por ti ainda tinha perguntado, frente ao teu rosto.
Lembro-me de sentir a tua respiração, ofegante, como não sabendo o que ia acontecer. Ou sabias?
Ficamos a centimetros um do outro, os nossos narizes tocavam-se. E mais nada. Assim ficamos por tempo sem fim, em ansiedade crescente. Sentia a batida acelerada do teu coração. E do meu também.

O que iniciamos nessa noite, perdurou por anos: vivemos momentos incriveis, de paixão absoluta, de desejo, de luxúria, de loucura mesmo... acompanhaste todos os passos da minha vida, mesmo à distância. E nunca deixaste de estar presente.
Como não estás comigo de momento, pelo menos fisicamente, digo-te:
Obrigado.
Acho eu.

3 comentários:

  1. E o tempo não tem realmente fim, quando se sente tão intensamente a presença..
    Texto vibrante, intenso...Gostei muito...
    Obrigada pela visita ao Minha Página.
    Até já
    Beijos e abraços
    Marta

    ResponderExcluir
  2. Foi precisamente assim que tudo aconteceu...todos os momentos foram intensos e ardiam de desejo...as palavras do texto fizeram-me viajar e sentir novamente o toque.. quente, doce, numa noite fria à luz de uma vela, no meio do nada, rodeados de uma beleza extraordinária..em que os nossos corpos se aqueciam mutuamente! Que saudade.... que saudade....

    ResponderExcluir
  3. Marta:
    Obrigado pela tua visita.
    O tempo só termina quando nós quisermos...
    Beijo

    M:
    Saudade é uma palavra pesada: de querer sentir de novo?
    Beijo

    ResponderExcluir